segunda-feira, 3 de maio de 2010

É fogo


Li outro dia que os chefes da segurança pública na França estão preocupados com essa questão das réplicas de armas de fogo. No ano passado, dos cerca de 3 mil crimes cometidos por pessoas de arma em punho, estima-se que metade tenha sido com brinquedos.

Realmente, as belezinhas são tão perfeitas, que chegam mesmo a deixar em dúvida policiais muito escolados. Discute-se por aqui lei que obrigue as réplicas a estamparem uma barra de cor identificadora. Acho que ajuda, pelo menos, o sujeito a ter o direito de saber com que tipo de que equipamento está sendo assaltado.

Pessoalmente, fico chocado quando vou a um parque infantil com meus filhos e encontro algumas crianças com um falso berro desses na mão. Atiram umas nas outras, protegem-se das balas imaginárias, agarram-se, e os mais fracos são mortos sem piedade.

Mas fico mais chocado ainda é com a cara de asco e reprovação com que franceses em volta - mesmo que tenham filhos que brincam com armas - olham para essas crianças mais empolgadas, em sua maioria descendentes de árabes e negros vindos de ex-colônias da França.

Esses meninos, de fato, brincam de realidade. Brincam da realidade em que nasceram eles, em que nasceram seus pais, seus avós, seus demais antepassados espoliados.

Um pequeno branco armado é sempre um mocinho civilizador, que vai levar seus bons valores a terras distantes e combater o mal. Um pequeno árabe ou um pequeno negro em situação similar é sempre uma célula da Al-qaeda em formação.

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