sexta-feira, 2 de abril de 2010

Morte nos trilhos


Está virando moda por aqui essa coisa de se empurrar gente nos trilhos dos metrôs e trens urbanos. Hoje de manhã, um homem de 54 anos esperava o seu RER A, na Gare de Lyon, quando foi jogado por alguém no momento em que o trem vinha chegando. Morreu na hora.

Em janeiro passado, um sujeito com problemas psiquiátricos agarrou um rapaz de 24 anos pela cintura e se jogou com ele na frente de um RER C na estação da biblioteca François Mitterrand. Os dois também morreram.

No ano passado, uma outra pessoa ficou gravemente ferida quando foi jogada por um sem-teto na frente de um metrô da linha 1.

O negócio, agora, é esperar chegar o seu encostado na parede. Evita problemas.

Pega o boné


Sarkozy está em péssima fase. Caiu mais ainda o seu conceito diante da opinião pública: dois pontos em relação ao mês de fevereiro. Somente 34% dos franceses confiam no presidente para fazer face aos problemas que se impõem ao país.

O que foi dito


"Cada vez que preencho um posto vago, faço cem descontentes e um ingrato."

Luis XIV, Rei da França

terça-feira, 30 de março de 2010

Está no Palácio de Versailles



Luis XIV, o Rei Sol - Rigaud Hyacinthe

Prestígio é isso


Não há justificativa, seja protocolar, seja funcional, mas o fato é que Lula tem recebido, frequentemente, a Secretária-Executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, adjunta de Dilma, para despachos de rotina.

Por que o Presidente da República tem estado tanto com a segunda? O que tem tanto a tratar com ela? Tudo bem que esteja preparando a moça para a assumir o comando, mas e a titular? Só tem embolsado o salário e não tem dado conta do trabalho?

Hoje mesmo, é possível ver na agenda presidencial a seguinte particularidade:

9h30 - Erenice Guerra, Secretária-Executiva da Casa Civil da Presidência da República
11h - Dilma Rousseff, Ministra-Chefe da Casa Civil da Presidência da República

Outra hipótese é que a primeira seja para discutir temas de governo, e a segunda, para os de campanha.

Liberdade apagada


A Unesco, que tem sede aqui em Paris, divulgou o relatório "A segurança dos jornalistas e o risco de impunidade" denunciando o número crescente de profissionais assassinados no exercício da profissão. Em 2008 e 2009, foram 125. Só no ano passado, 77, um triste recorde de mortes ocorridas, grande parte, em países que não estão em situação de guerra. A maioria segue impune.

French fries


Nicolas Sarkozy está em Washington e janta hoje com Barack Obama em companhia das respectivas esposas. Vão tentar aparar as arestas, que não são poucas desde que Obama chegou ao poder.

Sarkozy tinha bom trânsito com Bush, no rancho de quem chegou a tirar férias, em 2008, e posar para foto em pescaria conjunta. Por Obama, que jogou a Europa para escanteio desde a assunção, sentiu-se meio desprestigiado.

A viagem quer devolver à França a condição de interlocutor transatlântico privilegiado em temas como desarmamento, reforma da ONU e energia nuclear.

Na outra ponta da mesa, o duelo será entre Carla Bruni-Sarkozy e Michelle Obama. Vai ser um tal de desfile de moda com aquela cara de "oi, amiga!!!", de coisa despretensiosa, de chic light, que já não aguento.

segunda-feira, 29 de março de 2010

O Parnasso francês



Paris é uma cidade que tem tantas coisas espetaculares pra fazer, que até se perder por aqui é bom. Num dia desses de caminhada, deixe o mapinha de lado e embrenhe-se ali pelo Boulevard du Montparnasse, entre o 14ème e o 6ème arrondissements. É um lugar que nasceu no Século XVII, mas teve o seu auge no agitado início do Século XX.

Vá andando e reparando os bares, restaurantes e cafés em volta. Estão entranhados de boas histórias para serem sentidas, respiradas. Nas imediações da rua Vavin, há um conjunto de cinco bons lugares desses que merecem ser circulados: La Coupole, La Rotonde, Le Dôme, Le Select e La Closerie des Lilas, que fica um pouco mais pra cima.

As casas, verdade seja dita, perderam muito do charme daqueles anos Art déco. Mas não deixam de carregar em cada pedacinho a beleza e a efervescência do passado. Naquelas cadeiras, bebendo daqueles vinhos, degustando aquelas cervejas, sorvendo aqueles cafés, estavam, na primeira metade dos 1900, grandes figuras.

Se fechar os olhos e voltar no tempo, você vai esbarrar, em La Rotonde, na mesa onde Lênin e Trotski discutem ideias no período de exílio que viveram por aqui. Force as oiças. Escute um pouquinho da conversa e vai perceber que aquilo tem cheiro de Revolução Bolchevique. Nas paredes cobertas de desenhos e pinturas, como tapetes, não se assuste: há realmente lá rabiscos de Picasso, Miró, traços de Modigliani. São verdadeiros. E valem milhões.

La Coupole, tem Sartre, Simone de Beauvoir, tem Beckett e a voz de Piaf. Em Le Dôme, corre a pena de Henry Miller, que sai de lá pra carregar as tintas em Le Select, por onde passam Jean Marais e Max Jacob. Chegando a La Closerie des Lilas, é possível reencontrar Hemingway tomando um drinque. E ter a certeza de que Paris, realmente, é uma festa.

Ah, de quebra, não deixe de observar a bela estátua de Balzac que existe entre o Boulevard du Montparnasse e o Boulevard Raspail. Foi Rodin quem fez.

Aposta no consumo



O Wal-mart se prepara para investir, neste ano, 1,2 bilhão de dólares no Brasil. Quer abrir 110 novas lojas e rumar para cima dos dois grupos que estão à sua frente no mercado varejista: a Companhia Brasileira de Distribuição, dona do Pão de Açúcar, que faturou 13 bilhões de verdes em 2009, e o francês Carrefour, que abocanhou 12,6 bilhões.

Número 1 do varejo no mundo, o Wal-mart ficou em terceiro no mercado brasileiro com 9,5 bilhões de dólares em 2009. Mas se fia nas tendências de que o consumo de alimentos no Brasil, puxado pela ampliação da classe média, deve aumentar em 50% nos próximos cinco anos e chegar a 406 bilhões de George Washingtons.

Por paradoxal que possa parecer, nada para mim é mais sensato do que acreditar que há um excelente momento no país para se reativar os decadentes comércios de bairro.