sexta-feira, 4 de junho de 2010

MPB francesa



Na terra que pariu ao mundo nomes como Edith Piaf, Jacques Brel, Claude François, Charles Aznavour, música boa é um negócio meio marginal.

Acho uma merda não encontrar um bar em toda Paris onde haja um grupo ou cantor que segure a noite com música popular francesa. Já revirei guias, interroguei amigos, indaguei a conhecidos de ocasião, inquiri gente perita, vaguei por lugares ermos, mas nada, nem sinal.

Tomo cervejas, de regra, em ambientes musicalmente mudos. Conheço gente no Brasil que é capaz de cometer um homicídio se sentar num bar e alguém ousar entoar Dia branco. Se forçar voz de Geraldo Azevedo então, não duvido mesmo que o sujeito mate, além do cantor, a família do cabra e mande salgar suas terras.

Mas a mim me faz falta tomar uma gelada ouvindo uma musiquinha ao vivo. E não falo de música brasileira porque essa, vez ou outra, sempre rola por aqui, encabeçada mesmo por grupos de franceses. Falo da música popular da terra, tocada com acordeão e tudo. Essa, não se encontra.

Fosse daqui o meu caro amigo, Paris seria outra, cheia de cantos por todos os lados. Mas, em não sendo e não dispondo a cidade do mesmo hábito brasileiro de abrir espaço a músicos em bares e restaurantes, as canções tão famosas só ressoam mesmo nas nossas cabeças, com cheiro de passado, sem ninguém que se ocupe de trazê-las de volta à ribalta. Não à toa, a rádio que mais as relembra se chama Nostalgie FM.

Uma pena porque, aos poucos, vão caindo essas vozes e essas músicas no esquecimento, perdendo terreno para outras tantas de péssima qualidade como as que invadem os ares franceses em tempos atuais.