Carlos Drummond de Andrade, em A viúva do viúvo
sexta-feira, 26 de março de 2010
Roda presa
A paralisação da produção, que aqui na França ocorrerá de 6 a 9 do mês que vem, é resultado da queda nas vendas ligada a problemas técnicos identificados em automóveis produzidos.
Será que vem por aí outra marolinha?
Malas voando
Os alemães e seus canhões
A solução encontrada pelo Conselho da Europa para a crise grega foi incômoda e desconcertante para a União Europeia. Angela Merkel, Chanceler da Alemanha, que é a maior potência econômica do grupo, impôs a participação do FMI no plano de socorro. Fez isso à revelia da França e mesmo do banco central do seu país, que enxergam na Grécia uma crise orçamentária, e não monetária.
A decisão de Merkel foi política e acabou muito mal vista na comunidade. Entende-se que ela está desconstruindo o patrimônio alemão de solidariedade com os países vizinhos e humilhando todos quando chama Washington para resolver problemas europeus. Trouxe o lobo para o meio das ovelhas. Deu um voto de desconfiança ao próprio sistema.
Há quem creia que, em persistindo, a tentação solitária da líder alemã será fatal à Europa.
Depois da queda, coice
quinta-feira, 25 de março de 2010
Boa pedida
Do Brasil, vem Bernardo Carvalho, autor de O sol se põe em São Paulo.
O salão vai até o dia 31, em Porte de Versailles. Se estiver por aqui, recomendo dar uma chegada por lá.
Ela e a torcida do Flamengo
Telefone mudo
Cheiro de escândalo novo
Onde o Brasil entra nesta história? Autoridades suiças têm certeza de que os gatunos pagaram propina a políticos brasileiros para abocanhar licitações.
Há um forte odor pútrido da ordem de 6,8 milhões de dólares envolvendo a expansão da rede de metrôs de São Paulo, capitaneada pelo governo de José Serra (PSDB).
A pressão aumenta
O Conselho da Europa terá uma reunião acalorada hoje em Bruxelas para discutir o tema. A Alemanha é o país mais contrariado com a situação, que tem solapado a confiança na União Europeia, derrubado o valor do euro e colocado em xeque até mesmo a viabilidade de circulação da moeda única.
Se a crise virar sistêmica no continente, podem anotar: haverá nova turbulência mundial.
O que foi dito
Darcy Ribeiro, em O povo brasileiro.
terça-feira, 23 de março de 2010
Greve no ar
Deixa o CO2 como está
O tributo seria aplicado à indústria, como forma de forçar a redução de emissão de CO2 pelo setor. Era a menina dos olhos, carro-chefe do governo na área ecológica, compromisso programático da campanha de Sarkozy, a ponto de ele ter dito, em setembro do ano passado, que "se não a fazemos, não seremos honestos".
O projeto gozava de antipatia geral. Os empresários foram, obviamente, contra, e mesmo a esquerda considerava-o ecologicamente ineficaz e socialmente injusto. Ele veio ruim ao mundo e, já em dezembro, foi reprovado pelo Conselho Constitucional. Mas, como era questão de honra, o governo se dizia empenhado em remodelar o projeto e meter a taxa carbono em operação a partir de julho.
A notícia desta tarde, que traz a grotesca justificativa de que "ou ela será europeia ou não será" e que não se pode impor à indústria francesa uma carga que prejudicará a sua competitividade em relação à dos outros países da UE (parece que os sarkozystas só notaram agora que estão na Europa), desestabilizou até mesmo integrantes do governo.
Pega de surpresa, a Secretária Nacional de Ecologia, Chantal Jouanno, se declarou "desesperada com o recuo". Há quem aposte que é a próxima a pegar o chapéu e deixar a equipe. O clima lá dentro ficou muito quente pra ela.
Desce uma dose
Até ontem, os sarkozystas escondiam o valor da fatura do desastroso negócio. Mas, hoje, a caixa-preta terá de ser aberta diante do Senado pela própria ministra Roselyne Bachelot. Ela admitirá que a operação de rescisão contratual custou aos cofres públicos franceses a tuta-e-meia de 48 milhões de euros ou cerca de 130 milhões de reais.
Madame Bachelot vai precisar se imunizar contra pancadas. E, principalmente, contra queda.
Imprensa que entra

A terça-feira começou por aqui com uma imensa greve nacional convocada por cinco grandes centrais sindicais. Muitos serviços estão parados, mas nada prejudica tanto a população como a paralisação no sistema de transporte, ainda que seja parcial.
Na rede de metrôs e trens urbanos, a circulação foi reduzida à metade. Ou "está fortemente perturbada, em razão de um movimento social", como eles gostam de anunciar pelos alto-falantes das estações.
Juntar todos os passageiros de dois metrôs em um, às nove da manhã, creiam, não é uma experiência das mais agradáveis para se começar o dia.
segunda-feira, 22 de março de 2010
Vale por um bifinho
Dia da caça, dia do caçador
Esquerda, volver!

O esperado se concretizou: a esquerda volta à cena na política francesa depois de ter destroçado o partido governista no segundo turno das eleições regionais, realizado nesse domingo. Mais do que a UMP, foram Nicolas Sarkozy e seu governo os maiores derrotados. Cinco dos seus ministros que saíram candidatos perderam a disputa nas urnas.
Das 22 regiões da França metropolitana, só houve vitória dos aliados do Élysée na Alsácia. É o melhor resultado da esquerda desde 1981 e o segundo melhor da V República. Mesmo a extrema direita, que estava quase sepultada, ressuscitou dos escombros e amealhou 20% dos votos, retirados, obviamente, do sarkozysmo.
A surra levou o governo a admitir a necessidade de alguns "ajustes técnicos" e o presidente a dizer que busca "melhor compreender" a mensagem das urnas.
A turma palaciana tentou logo dourar a pílula. O discurso do primeiro-ministro François Fillon é de que resta imaculado o mandato outorgado no plano nacional, três anos atrás, e que essas eleições devem ser colocadas na perspectiva de regionais, ou seja, coisa paroquial. Mas, se não fossem tão importantes, se fossem tão provincianas, por que, então, cinco ministros teriam sido lançados candidatos com as bençãos e forças do chefão?
O fato, em suma, é que o rei está nu. O superman que assumiu em 2007 com a pretensão de inaugurar um modelo moderno e arrojado, a ser seguido e perpetuado no poder, demonstra, atualmente, o seu maior sinal de fraqueza e esgotamento diante da opinião pública.
O petit Nicolas corre agora para arrumar a casa. Afinal, 2012 está em cima e as perspectivas de crescimento são todas favoráveis à esquerda, que - renovada pela união entre socialistas e verdes - está mais animada do que nunca em retornar ao poder.
Assinar:
Postagens (Atom)