segunda-feira, 22 de março de 2010

Esquerda, volver!


O esperado se concretizou: a esquerda volta à cena na política francesa depois de ter destroçado o partido governista no segundo turno das eleições regionais, realizado nesse domingo. Mais do que a UMP, foram Nicolas Sarkozy e seu governo os maiores derrotados. Cinco dos seus ministros que saíram candidatos perderam a disputa nas urnas.

Das 22 regiões da França metropolitana, só houve vitória dos aliados do Élysée na Alsácia. É o melhor resultado da esquerda desde 1981 e o segundo melhor da V República. Mesmo a extrema direita, que estava quase sepultada, ressuscitou dos escombros e amealhou 20% dos votos, retirados, obviamente, do sarkozysmo.

A surra levou o governo a admitir a necessidade de alguns "ajustes técnicos" e o presidente a dizer que busca "melhor compreender" a mensagem das urnas.

A turma palaciana tentou logo dourar a pílula. O discurso do primeiro-ministro François Fillon é de que resta imaculado o mandato outorgado no plano nacional, três anos atrás, e que essas eleições devem ser colocadas na perspectiva de regionais, ou seja, coisa paroquial. Mas, se não fossem tão importantes, se fossem tão provincianas, por que, então, cinco ministros teriam sido lançados candidatos com as bençãos e forças do chefão?

O fato, em suma, é que o rei está nu. O superman que assumiu em 2007 com a pretensão de inaugurar um modelo moderno e arrojado, a ser seguido e perpetuado no poder, demonstra, atualmente, o seu maior sinal de fraqueza e esgotamento diante da opinião pública.

O petit Nicolas corre agora para arrumar a casa. Afinal, 2012 está em cima e as perspectivas de crescimento são todas favoráveis à esquerda, que - renovada pela união entre socialistas e verdes - está mais animada do que nunca em retornar ao poder.

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